Mulheres no ato Justiça por Mari Ferrer em São Paulo. Foto: Isabela Naiara/Fotoguerrilha
Mulheres no ato Justiça por Mari Ferrer em São Paulo. Foto: Isabela Naiara/Fotoguerrilha

Milhares de mulheres se reuniram por todo o Brasil, neste domingo (8)  para num ato de repúdio contra o resultado do julgamento do caso Mariana Ferrer, estuprada pelo empresário André Camargo Aranha. Além dos horrores praticados contra a jovem na boate Café de La Musique, onde trabalhava, a agressão sofrida por Mariana continuou durante o julgamento.

Ela foi agredida verbalmente por Claudio Gastão da Rosa Filho, advogado de defesa do acusado. Tavares chegou a usar fotos sensuais da modelo pra supostamente provar a inocência do réu, a partir do argumento de que uma mulher “daquele nível” não poderia ser considerada uma vítima. O uso absurdo das fotos de Mariana não foram sequer questionadas pelo promotor Thiago Carriço, supostamente responsável por sua defesa.

A violência institucional sofrida por Mari Ferrer mostrou que o poder judiciário reflete a sociedade misógina brasileira que protege o estuprador e põe nas costas das mulheres o peso da culpa que deveria ser carregado por nossos algozes. André Camargo Aranha foi absolvido do crime de estupro, num escândalo em que o judiciário legitima a culpa da mulher vítima da violência sexual.
O entendimento do juiz Rudson Marcos foi de que o ato cometido contra Mariana foi não intencional, o que abriu uma brecha para o surgimento da expressão “estupro culposo”, em razão da própria fundamentação do Juiz, que imputou à vítima a responsabilidade pelo ato cruel que sofrera. O resultado, que atinge o

Mulheres no ato Justiça por Mari Ferrer no Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias/Fotoguerrilha

conjunto das mulheres brasileiras, não deixou dúvida: no julgamento de Mariana Ferrer, a justiça também foi violentada.

Era isso que dizia os cartazes no dia 08 de novembro, que coloriram a Cinelândia, no Rio de Janeiro e a Avenida Paulista, em São Paulo. As mulheres em luta lembraram que o estupro, tratado de forma tão piedosa pelo judiciário, que punia  Mariana por suas roupas, veio antes da minissaia; que essa instituição carcomida atende os interesses dos que podem pagar para que ela bata o martelo.

Lembraram que nossa sociedade foi miscigenada pelo estupro das mulheres negras e indígenas, essas que seguem sendo as maiores vítimas da supremacia machista que nos abate diariamente.  O ato em defesa de Mari Ferri foi um protesto contra a cultura do estupro na nossa sociedade, uma luta de todas as mulheres mas que é especialmente dolorosa para as mulheres trabalhadora, sejam elas nascidas ou tornadas. Mas principalmente, foi um recado de que não vamos nos calar. Foi por Mariana Ferrer e é por tod@s nós!

Veja mais fotos da nossa cobertura no Rio e em São Paulo, na galeria:

Mulheres no ato Justiça por Mari Ferrer no Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Dias/Fotoguerrilha
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