Texto por Isabela Naiara e Wagner Maia
Fotos por: Bárbara Dias, Isabela Naiara, Kauê Pallone, Lucas Novello, Vinícius Ribeiro e Wagner Maia
Sete de Setembro, dia da Proclamação da Independência do Brasil, um país, que não absorveu sua população de forma totalmente democrática e que hoje corre um grande risco de ser derrotada por uma onda de células bolsonaristas, retrógradas, reacionárias e acima de tudo, antidemocráticas. Como coletivo, resolvemos abordar esse dia através de uma cobertura crítica e de contra narrativa transparente, afinal não vamos abaixar nossas câmeras quando nos depararmos com o fascismo.

O país viu hoje mais um sinal do mal que ainda enfrenta, bonés e boinas sinalizando o Golpe da Ditadura de 1964 como um bem maior, faixas querendo intervenção militar, destituição dos ministros do STF e Bolsonaro como presidente supremo. Somado a todo esse clamor de genocídio, uma pandemia que já matou quase 600 mil pessoas. É esse cenário que os antidemocracia estão comemorando, bandeiras do Brasil nas costas, falas agressivas com quem é contra a política genocida do Bolsonaro e um discurso de supremacia do “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

Em Brasília, capital do país, o presidente Bolsonaro discursou para milhares de apoiadores ameaçando uma ruptura institucional contra o STF. No Rio de Janeiro, metrôs, trens e principalmente a orla de Copacabana estavam infestados de bandeiras, fardas militares e um discurso anti-democracia que nos faz repensar a que caminho nosso país está seguindo. Mas, existe esperança através das lutas dos excluídos.
No Centro do Rio de Janeiro milhares de pessoas se reuniram para uma luta que já dura 27 anos. O Grito dos Excluídos é um símbolo de resistência neste 7 de Setembro que costuma comemorar através de homens fardados no centro da cidade. O Grito dos Excluídos é uma forma de revolta dos que não possuem moradia, dos grupos lgbts, de mulheres negras, sem terras, movimentos sociais e diversos coletivos que sempre estiveram fora desse governo Bolsonaro. Hoje, as ruas ainda nos mostraram que as células bolsonaristas ainda estão fortes, mas, a resistência, o grito dos excluídos ainda ecoa pelo país.

Em São Paulo, Bolsonaro repetiu o discurso de ruptura com o STF, a Avenida Paulista foi tomada por pessoas brancas, da classe média para cima, que enfrentam a dificuldade de não poder mais viajar na frequência que gostariam, que estão tendo que ser mais eletivos no mercado, que vêem seus privilégios abalados.

A alguns metros do ato bolsonarista, movimentos sociais, partidos de esquerda, sindicatos e população contrária ao governo de Bolsonaro, ocuparam o Vale do Anhangabaú, que diferente da Paulista estava completamente cercado por um aparato policial muito maior. No final do ato a Polícia Militar reprimiu alguns manifestantes,houve o registro de uma prisão que pode ser vista neste vídeo publicado nas redes.
Esta população está perdendo seus lares, sua capacidade de manter três refeições diárias e está morrendo com a negligência do governo. O Anhangabaú foi plural, representou a mistura e a diversidade. Os mais pobres se vêem obrigados a trabalhar no coletivo, na ajuda mútua. De forma mais comum eles percebem a empatia e a constante necessidade do cooperativismo, as dificuldades são maiores e a capacidade de transpor é pequena.

Os apoiadores do governo acham que estão onde estão por mérito próprio, não tem capacidade de pensar no outro, de demonstrar empatia, de reconhecer que sua conquista foi graças à luta de alguém. Eles terão o que comer amanhã, retornarão aos seus empregos, às suas casas confortáveis.
Como reconhecer a importância de políticas sociais, se essas políticas não são diretamente para eles? Como ver a importância das lutas de moradias, se essas moradias não são para eles? Não é só posicionamento político diferente, é falta de empatia, falta de humanidade. No final, é uma luta de classes. Uma luta pela manutenção de privilégios.
Confira a cobertura completa do Coletivo Fotoguerrilha no 7 de setembro:
Grito dos excluídos no Rio de Janeiro e ato pela democracia em São Paulo
Atos antidemocráticos no Rio de Janeiro e São Paulo