Com um contingente 4 vezes maior que a quantidade de manifestantes, PM agrediu mulheres, prendeu e impediu a liberdade de expressão e o direito à manifestação no centro de São Paulo
Texto:Kauê Pallone
Fotos: Kauê Pallone e Lucas Novelo
Na tarde de ontem (3), ocorreu em frente à Prefeitura de São Paulo, um ato promovido pelo MPL (Movimento Passe Livre) contra o fim da gratuitidade no transporte para pessoas com mais de 60 anos. O ato foi cercado desde o início por policiais militares, um comportamento comum do Estado em atos do MPL.
O contingente policial era claramente desproporcional à quantidade de manifestantes, em média 4 PMs para cada pessoa no ato. No entorno da Prefeitura também foram colocados soldados do BAEP (Batalhão de Ações Especiais da Polícia), em uma tentativa clara de intimidação com o aparato militar. Mesmo com toda a pressão policial os manifestantes não arredaram pé da concentração do ato e continuaram passando o recado para a população sobre a pauta do passe livre, retirado das pessoas 60+ em São Paulo.
Nos últimos anos a Polícia Militar tentou passar uma imagem de conciliadora para a imprensa tradicional adicionando policiais conhecidos como “mediadores”. Com coletes da cor azul, esses policiais tentaram a todo momento impedir que o ato saísse em marcha, ou então limitando o trajeto tirando o pode de escolha da manifestação e seu direito ao protesto.
Após um breve jogral, os manifestantes se aprontaram para sair em marcha pela via em direção à Praça da República no centro da cidade. Após alguns passos dos manifestantes os policiais militares começaram a cercar todo o ato com escudos e começando a agredir gratuitamente algumas pessoas que estavam na linha de frente.
Em seguida, começaram as tentativas de prisão aleatórias, em sua maior parte mulheres que foram agredidas e presas sem qualquer motivo aparente. Enquanto ocorriam as prisões, outras pessoas eram agredidas pela PM e ameaçadas pelo BAEP que acompanhava o cerco policial por trás.
Foram quatro pessoas presas arbitrariamente pela PM e levadas ao 3º DP. Segundo informações elas já foram liberadas
Em nota pelo Twitter, o MPL (@passelivre_sp) disse que “Isso só reforça o que a gente já sabe: o corte da gratuidade 60+ é um decisão política.E tem mais. A gente sabe que foi com muita luta que a gratuidade foi conquista e vai ser com muita luta que vamos tomá-la de volta.”
É importante lembrar que a gratuidade no transporte para pessoas com mais de 60 anos é uma vitória das lutas de 2013 contra a tarifa em São Paulo.
Nesta segunda-feira (1) teve início o corte da gratuidade, que de acordo com os especialistas pode aumentar a possibilidade de pessoas com mais de 60 anos nunca terem direito à gratuitidade no transporte, por conta dos números que indicam a expectativa de vida na capital, no caso de alguns bairros ela não passa de 58 anos.
O MPL prometeu novos atos nas próximas semanas. Confira a nossa cobertura fotográfica do ato